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Por dentro das profundezas geladas

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Por dentro das profundezas geladas

Por Dominik Osswald, Urs Wyss, Christian Mülhauser e a Equipe Interativa
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Acompanhe-nos em uma incursão às misteriosas cavernas de gelo do glaciar de Plaine-Morte. Imagens panorâmicas de 360 graus, vídeos e animações revelam um mundo que só a água degelada conhece.

O horizonte raramente é uma linha reta na Suíça. A terra é muito montanhosa, e se não há nenhuma montanha na frente, certamente haverá uma chaminé ou um poste de luz. Assim é de surpreender a vista que se tem do alto da geleira de Plaine-Morte, o maior planalto glaciar dos Alpes, em direção ao norte: à esquerda, o monte Gletscherhorn, à direita o Wildstrubel. Entre as duas montanhas, uma fronteira nítida separando azul e branco, céu e neve, como só se vê nos polos sul e norte.

O gelo aqui possui 200 metros de espessura, disposto como se fosse um enorme caldeirão sobre os vales do cantão de Valais e do Planalto Bernense (Berner Oberland), a cerca de 2.700 metros acima do nível do mar. O nome diz tudo: não há praticamente nenhuma vida, apenas as grandes distâncias e o vento que mal consegue mover a áspera superfície de neve. Porém, isso nada tem a ver com neve eterna. O glaciar deve desaparecer por completo até o fim deste século. No ano de 2090, segundo as simulações dos glaciólogos, não sobrará sequer vestígios de neve. Cabos de aço e postes encontram-se já abandonados numa encosta rochosa – os restos de um teleférico desativado por conta do recuo das geleiras.
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O gelo morto esconde muitos segredos. Ninguém o conhece melhor que Fred Bétrisey e Hervé Krummenacher. O que eles contam é difícil de imaginar quando se observa toda a extensão do glaciar, o mesmo tom de cor em toda sua extensão. Deve haver aqui um submundo escondido que é tão impressionante a ponto de nos fazer esquecer o medo de, a cada passo em direção às profundezas, querer ir ainda mais para baixo, como se nunca mais se desejasse ver a luz do dia. Que as geleiras possuem uma vida interior, sabe-se há muito tempo. No verão pode-se ver a água degelada sumindo pelos buracos no gelo. Mas o que acontece a seguir ninguém sabe ao certo. O fato que a água flui para fora, por baixo da geleira, significa que, ao menos temporariamente, exista um sistema de canais subterrâneos. Fred e Hervé querem realizar algo que ninguém jamais conseguiu: explorar esse labirinto em toda sua extensão. É claro que esses dois homens grandes se movem com menos fluidez que um riacho, porém eles não descartam quaisquer meios para poder explorar os caminhos possíveis. E nós vamos acompanha-los.
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No verão, as massas de água se precipitam para baixo por aqui. No inverno, esse buraco fica por pouco tempo transitável.
No verão, as massas de água se precipitam para baixo por aqui. No inverno, esse buraco fica por pouco tempo transitável.
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Esse início de inverno é frio e seco – condições ideais para descer a geleira. Nossa expedição começa bem promissora de fato, pois pouco antes do Natal conseguimos atingir o “moinho glaciar” que fica bem no meio da superfície, e que é a porta de entrada para as profundezas. No verão, toda a água degelada escorre por aqui até o fundo. Aqui também é o local onde criminosos podem desovar para toda a eternidade os corpos de suas vítimas com toda tranquilidade. Mas no inverno, a água seca. Fred e Hervé já desceram cerca de 150 metros para dentro do gelo. “No início, o buraco vai para baixo na vertical, aí entra-se num corredor bem estreito que vai até bem longe, horizontalmente...”, contou Fred alguns dias antes em sua casa, localizada num morro perto da cidade de Sion. Ele pegou o verso de uma folha de papel com exercícios de matemática de sua filha de 11 anos, e desenhou à lápis, com linhas bem simples, um esboço do buraco em que nós agora descemos um depois do outro.
No verão, as massas de água se precipitam para baixo por aqui. No inverno, esse buraco fica por pouco tempo transitável.
No verão, as massas de água se precipitam para baixo por aqui. No inverno, esse buraco fica por pouco tempo transitável.
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A entrada do corredor horizontal é minúscula. É preciso uma pequena ajuda da pá – e então pode-se passar.
A entrada do corredor horizontal é minúscula. É preciso uma pequena ajuda da pá – e então pode-se passar.
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A cerca de 50 metros de profundidade chegamos a um piso de neve. Hervé nos atenta para sempre permanecermos amarrados no rapel, pois possivelmente isso é apenas um “mezanino” na garganta vertical, e que não nos sustenta. “Isso aqui parece diferente a cada ano”, diz Fred, ligeiramente preocupado com uma imponente ponte de neve sobre nós. “Se ela cair, ficamos presos. Mas está frio, ela parece estável.” Então ele subitamente some em um nicho ao lado e começa a cavar.
“Se houvesse um pouco mais de neve, não conseguiríamos ir a lugar algum”, brada Fred lá da escuridão. O som chega abafado. Nós o seguimos. Os olhos precisam de um tempo para se acostumar com as novas redondezas. É um outro mundo: em volta é tudo gelo azul, duro como concreto e brilhando à luz das lanternas nos capacetes. Por todos os lados somos envolvidos por cristais de neve como espumas. O chão é liso como uma pista de curling, o gelo range sob os grampos das nossas botas, os sons ecoam como num alto-falante. Andar ereto logo se torna impossível. Nós rastejamos pelos corredores. O frio não é um problema, mas a sensação é opressiva. Segundo Fred, estamos a cerca de 50 metros abaixo da superfície. Se a garganta resolver tossir um pigarro que seja, estamos esmagados.
A entrada do corredor horizontal é minúscula. É preciso uma pequena ajuda da pá – e então pode-se passar.
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Uma estranha camada de neve encontra-se grudada no corredor como se fosse uma tábua. “Esse é o efeito da mistura de água de neve que aqui corre no começo do inverno”, explica Hervé. Em uma incursão anterior, Fred e ele nadaram com roupas de neoprene através dos corredores, que ainda estavam cheios com essa “sopa de neve”. Nós rastejamos por baixo dessa relíquia, e só então pudemos finalmente ficar de pé. A galeria aqui tem vários metros de altura e descreve uma curva de 180 graus. À luz das lanternas verificamos que o gelo formou um pilar.
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Mais tarde, o glaciólogo Matthias Huss, que leciona na Escola Politécnica de Zurique (ETH) e na Universidade de Friburgo, nos explicou que essa forma pode ter se originado por meio de um processo conhecido como “Cut-and-Closure” (corta e fecha). Esse fenômeno até agora só foi verificado nas geleiras do Ártico: quando a água degelada flui em córregos por sobre a geleira, ela forma profundos desfiladeiros no gelo, que mais tarde se fecharão na superfície. Porém, no subterrâneo eles permanecem. Assim, é possível que o glaciar seja completamente atravessado por cânions impossíveis de serem percebidos da superfície. Huss pesquisa há anos o glaciar de Plaine-Morte, mas nunca esteve lá dentro. Ele está surpreso com a nossa descrição do corredor horizontal. “Até agora supúnhamos que a água caía mais ou menos direto através do moinho até o chão de pedra.” Ele está convencido que as observações de dentro só enriquecem a ciência. “Só assim poderemos provar se tudo o que sabíamos até agora está correto, ou se teremos de repensar toda a teoria.”
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Pelos poços verticais descemos às profundezas da geleira. Em algum momento, chega-se ao chão de pedra, mas até hoje nenhuma pessoa chegou tão longe.
Pelos poços verticais descemos às profundezas da geleira. Em algum momento, chega-se ao chão de pedra, mas até hoje nenhuma pessoa chegou tão longe.
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Entrar dentro de uma geleira sempre foi um tabu – é simplesmente perigoso demais. Mesmo hoje são bem poucos os que se aventuram. Os primeiros a fazer observações foram um grupo de pesquisadores poloneses, na década de 1990. Eles entraram no glaciar de Spitsbergen, no Ártico, que oferecia um risco administrável. As condições climáticas no Ártico são ideais, o frio contínuo penetra bem fundo na geleira e congela tudo. O inverno nas latitudes médias é porém menos previsível: as variações de temperatura podem subir repentinamente a qualquer momento, o que significa uma também repentina inundação de água degelada. Essa é uma das razões por que raramente acontecem expedições em cavernas de gelo na região dos Alpes.

Depois dos poloneses, formaram-se equipes internacionais que exploraram os glaciares do Ártico e do Himalaia. Por mais espetaculares que fossem suas observações, elas mal encontravam ressonância nos meios científicos. Em vez disso, a pesquisa em cavernas de gelo era feita como esporte de aventura. O glaciólogo escocês Doug Benn, entretanto, não enxerga a pesquisa dessa maneira. Ele estuda há anos os lagos que se formaram sobre as geleiras do Himalaia, e inquiriu por que eles sempre se esvaziavam. A resposta ele encontrou nos subterrâneos. Benn verificou que a água aqui se comporta exatamente como na rocha: ela cava o seu caminho ao longo dos pontos mais fracos. Enquanto que na rocha esse processo dura milhões de anos, no gelo a coisa acontece mais rapidamente. Um canal de drenagem pode se formar em apenas um verão – para depois se fechar no inverno. Ainda são muitos os pontos de interrogação, enquanto respostas são cada vez mais necessárias.

Quando as geleiras derreterem sucessivamente nas próximas décadas, imensas reservas de água serão liberadas. Regiões inteiras estarão ameaçadas pelo irromper de lagos glaciares e ondas de inundação que disparam em direção aos vales. Benn diz que “é importante ir para dentro das geleiras para entendermos esse processo complexo e nos livrar de teorias, geralmente simplistas, sobre os balanços hídricos. Porém a maioria dos glaciólogos consideram isso uma maluquice. Por isso que praticamente só se ouve falar de acidentes quando os turistas ficam na entrada do glaciar, onde o gelo pode desabar, especialmente no verão.” No inverno, o gelo é relativamente estável.

No chão, descobrimos uma mosca congelada no gelo. Esse encontro não é apenas um lembrete de que a geleira em breve não mais será o que já foi, mas uma prova de que a superfície plana se originou do recongelamento da água degelada. Nós estamos agora a 70 metros embaixo do gelo. Quanto mais fundo se vai, maior a tensão. Imagine se – por qualquer razão, como sempre – uma das estreitas passagens atrás de nós se fechasse. Ficaríamos como a mosca. No entanto, o gelo parece uma alvenaria de tão sólido. Não parece que ele queira nos deglutir. “O maior perigo é mesmo a água”, diz Hervé, que parece insinuar não ser o cansaço o que nos deixa cada vez mais quietos. “Há também água aqui durante o inverno. Mas este ano estamos com sorte: a água está bem lá embaixo, pois o outono foi bastante seco. Uma subida repentina seria perigoso.” Mas nada indica essa possibilidade. É como se tudo estivesse parado: a água, o gelo... o tempo. Pode-se fazer uma ideia da própria eternidade.

Aqui terminamos nossa primeira incursão. Estamos ainda longe do ponto mais fundo, há vários outros estágios adiante até cerca de 150 metros abaixo da superfície. A partir dali, cada passo seria território incógnito inclusive para Fred e Hervé – e o caminho de volta ainda iria nos ocupar pelo resto do dia. Quando retornamos à superfície, o sol já tinha desparecido atrás das montanhas havia bastante tempo. O plateau brilhava à luz tênue das estrelas.
Pelos poços verticais descemos às profundezas da geleira. Em algum momento, chega-se ao chão de pedra, mas até hoje nenhuma pessoa chegou tão longe.
Pelos poços verticais descemos às profundezas da geleira. Em algum momento, chega-se ao chão de pedra, mas até hoje nenhuma pessoa chegou tão longe.
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Em volta de um jantar de macarrão com atum, Fred e Hervé nos contam o que eles planejam para o dia seguinte: achar a entrada para a extremidade leste do glaciar – lá onde se abriu um desfiladeiro na geleira. “Deve haver uma abertura poderosa”, diz Fred, e explica por que: ali se encontra no verão um lago de água degelada, o “Lago dos Faverges”. Ele irrompe abruptamente no outono, e cerca de dois milhões de metros cúbicos de água desaparecem através da geleira e só vão aparecer de novo lá embaixo, quando correm até o vale do Simmen. “É como se alguém tivesse tirado a tampa do ralo de uma banheira gigantesca.” O plácido rio Simme transforma-se em uma violenta corredeira, e o perigo de uma enchente destruidora aumenta a cada ano, pois o lago está cada vez maior. Nos últimos cinco anos o seu volume triplicou. A geleira afundou muito e o lago não transborda mais por sobre o cume das montanhas em direção ao Valais. Os fluxos para lá secaram. Em vez disso, ele descarrega praticamente tudo no Planalto Bernense. O Lago dos Faverges é monitorado desde 2011 para alertar a população de quando começa a inundação.
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Está claro para Fred e Hervé que deve haver pelo menos um sistema permanente de cavernas através de todo o glaciar – de outra forma o lago não poderia se esvaziar. O sistema subterrâneo de canais se estende ao longo de 3,5 quilômetros de distância e por uma altura de mais de 250 metros. Essa viagem gigantesca é o maior sonho dos dois. Mas o quão realizável ela é, pode-se apenas especular. “Seria preciso se mover com traje de mergulho por conta do nível da água”, diz Hervé. Isso significa que, a partir de uma determinada profundidade vai ser tudo parecido com o Titanic naufragando – corredores repletos de água. Nós ficamos a refletir e a sonhar mais um pouco até que o frio nos conduzisse aos sacos de dormir.

Vinte e cinco graus negativos. Solidão. E um silêncio absoluto. Difícil de acreditar que tudo aqui vai derreter nas próximas décadas.

O glaciar de Plaine-Morte claramente derreteu muito mais que as outras geleiras alpinas. Mas entre 1960 e 2002 ele se manteve quase em equilíbrio: o montante de gelo criado no inverno correspondia mais ou menos ao que havia derretido no verão. Mas a partir da virada do milênio aconteceu uma mudança rápida: menos e menos neve sobrevive ao verão. Uma regra de bolso da glaciologia diz que pelo menos dois terços da superfície de gelo precisa permanecer coberta de neve para que a geleira fique em equilíbrio. Nos últimos quatro anos a Plaine-Morte terminou o verão completamente “careca” de neve. A massa de gelo jaz aqui como um morto aguardando o seu enterro, enquanto as mudanças climáticas alçam voo como abutres.
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O leito do lago está seco. O buraco dá em um desfiladeiro.
O leito do lago está seco. O buraco dá em um desfiladeiro.
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No dia seguinte entramos no leito vazio do lago. A “tigela” rasa original deságua num desfiladeiro que carcomeu o gelo até bem fundo. O chão está coberto de neve, o que faz a caminhada mais agradável por um lado, mas, por outro, não temos ideia do que está abaixo de nós. E assim seguimos amarrados uns nos outros. O fim vai se aproximando: uma imponente parede de gelo levanta-se à nossa frente, com um buraco, como se fosse um cofrinho, que parece ser o portal de entrada de um túnel. Isso deve ser o ralo do lago. Aqui no verão passa o estrondo dos milhões de litros de água desabando em sua viagem através da geleira. Os glaciólogos supõem que o sistema subterrâneo de canais se reconstrói a cada ano. Nos meses de inverno, ele se consolida pela pressão do gelo, enquanto que, durante o verão, ele novamente se derrete. Uma vez que o sistema de canais encontra o leito do lago, a coisa vai rápida: os canais se alargam com a fricção e o calor latente da água degelada em movimento. O volume descarregado aumenta exponencialmente em poucas horas.
O leito do lago está seco. O buraco dá em um desfiladeiro.
O leito do lago está seco. O buraco dá em um desfiladeiro.
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Os glaciólogos desconfiam que o canal a partir do ralo se reconstitui a cada ano. Assim que uma passagem se abre, a água fui rapidamente para baixo – já se mediu um volume de até 20 metros cúbicos por segundo.

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Uma parede de gelo sinaliza o fim. Mas o que ela esconde por baixo?
Uma parede de gelo sinaliza o fim. Mas o que ela esconde por baixo?
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Chegamos enfim à parede de gelo, e constatamos desolados que a entrada está obstruída pela neve. Não importa quão pequena parece ser a rachadura. Cavar, nem pensar. Graças a imagens aéreas, sabemos que o curso do cânion se parece com um zíper: primeiro, o desfiladeiro está aberto no topo, mas depois se transforma em um traço fino na superfície do gelo, para finalmente desaparecer por completo. Nas imagens aéreas pode-se vislumbrar três buracos em uma fileira, cujos cursos parecem estar à mostra. Seriam moinhos glaciares que desaguam no sistema subterrâneo de canais? Nós escalamos ainda mais alto, e logo achamos um dos buracos. Mas há menos neve aqui? Descemos no rapel.
Uma parede de gelo sinaliza o fim. Mas o que ela esconde por baixo?
Uma parede de gelo sinaliza o fim. Mas o que ela esconde por baixo?
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Mais uma vez, vamos diretamente para baixo. E novamente topamos com um chão de neve. Mas o que vemos então explode nosso ritmo cardíaco: no ponto mais fundo, pingentes de gelo pendurados em um buraco escuro de cerca de um metro de diâmetro.
Buracos escuros são bom sinal. Quanto mais escuros, melhor – pois eles devem ir ainda mais longe.
Prendemos uma corda. Rastejando sob os pingentes de gelo, temos um primeiro olhar por trás da cortina... nossos urros de encanto fazem um portentoso eco. Não é só isso que nos dá uma ideia do tamanho do espaço que imediatamente nos encerra. As nossas lanternas não conseguem iluminar fim algum.
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Um poço estreito, porém mais alto, segue escuridão adentro. Para nosso espanto, depois de um tempo, ele fica mais claro, uma luz fraca e azulada vem de cima. Muito acima de nós vemos uma tampa redonda, a luz do dia entrando de lado. Nós podemos apenas supor - seria isso um moinho glaciar que se fechou por cima? É assim que se parece o chão de neve visto de baixo, sobre o qual seguimos caminhando? A luz do sol penetrando tudo em volta não dá nenhuma impressão de estabilidade. Ficamos discutindo a respeito dessa “tampa de OVNI” (supostamente é assim que deve se parecer um disco voador pousando, visto de baixo), rezando para que ela não desabe sobre nossas cabeças.

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Chegamos no nível das águas e seguimos pendurados nas cordas, blocos de gelo nadam pelo corredor.
Chegamos no nível das águas e seguimos pendurados nas cordas, blocos de gelo nadam pelo corredor.
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Mas há outra coisa nos preocupando, sob os nossos pés. O poço termina, um piso plano de gelo aparece na nossa frente. Mas após dois passos ele racha. Nós afundamos, e nos alçamos de volta ao chão de apoio. Essa é a água que permanece líquida durante todo o ano e não congela. As geleiras dos Alpes são “temperadas”, suas temperaturas internas se mantêm em cerca de zero graus centígrados. Nas chamadas geleiras frias do Ártico, é diferente; lá a temperatura está sempre abaixo de zero. Nos Alpes, o frio do inverno atinge apenas os dez metros superiores. Abaixo disso, o gelo e a água convivem lado a lado o tempo todo.
Chegamos no nível das águas e seguimos pendurados nas cordas, blocos de gelo nadam pelo corredor.
Chegamos no nível das águas e seguimos pendurados nas cordas, blocos de gelo nadam pelo corredor.
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Daqui em diante, qualquer avanço torna-se mais difícil. Prendemos uma corda de metro em metro na parede de lado e, pendurados, seguimos adiante. A todo momento nos deparamos com enormes blocos de gelo grudados nas paredes do corredor, que vamos apalpando com todo cuidado para testar sua firmeza. Por vezes, os blocos oferecem um chão muito bem-vindo para fixarmos os pés.

Chegamos a um salão do tamanho de uma capela. Uma pequena lagoa se abre à nossa frente. Bem acima de nós paira a tampa do OVNI. Provavelmente somos os primeiros humanos a entrar nesse lugar. Nas paredes há fragmentos de placas de gelo – aqui o nível da água deve ter baixado lentamente há pouco tempo, deixando para trás as placas nas paredes. Algumas são grandes como uma mesa, e pairam ameaçadoramente sobre nós. Nos indagamos se o calor dos nossos corpos em conjunto poderia provocar a queda delas, e decidimos não permanecer tempo demais.

No fim do salão, nos deparamos com sua continuação. O corredor mergulha para baixo, sob a água. “Na próxima vez, temos de trazer os trajes de mergulho”, diz Hervé para Fred. Os dois levam isso à sério. Pode-se bem sentir que ambos se sentem em casa aqui em baixo. Nenhum obstáculo ou adversidade consegue desencorajar o sonho deles. Mas para nós aqui é o ponto final. E quem pode dizer como a geleira estará no ano que vem?
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Ideia, concepção, e texto
Dominik Osswald, Tamedia

Programação e narrativa
Kaspar Manz e Marc Brupbacher, Equipe Interativa

Fotografia, Panoramas 360°
Urs Wyss, Christian Mülhauser
avocado360
Olivier Christe

Filmagens com drones
Christian Mülhauser

Videos
Dominik Osswald
Christian Mülhauser
Olivier Christe

Animações
Pierre Tschopp
Ursula Ritter
A firma Geotest monitora o Lago dos Faverges e cedeu os dados para a segunda animação.

Ilustrações
Jürg Candrian

Consultoria 360°,produção de imagens
Janina Woods, Sebastian Tobler
ateo GmbH

Patrocínio (equipamentos)
Haglöfs
Bächli Bergsport

Agradecimentos
Frédéric Bétrisey
Hervé Krummenacher
Matthias Huss (ETH e Universidade de Friburgo)
Kathrin Naegeli  (Universidade de Friburgo)
Daniel Tobler, Geotest
Ferrovia alpina de Crans-Montana
swisstopo

swissinfo Produktion
Luca Schüpbach
Marcel Stauffer


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